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Felícia Dtski

Esperança

Posted on 12 de outubro de 202012 de outubro de 2020
Esperança

Brincava com os próprios passos. Sozinha, seguia descalça pela terra suja, um horizonte jamais visto pelos grandes. O trapo que cobria seu corpo estava manchado, duro e vermelho de um sangue que não era seu. Seus olhos estavam amarelados, brilhavam como o Sol no deserto. Não tinha calçada, nem cordão, então, desafiava-se a seguir uma linha reta imaginária; por vezes se desequilibrava, mas não tirava os olhos do chão.

Esbarrou em um homem forte, queimado no rosto. Carregava um casaco de manga comprida, o que intrigava a menina, afinal, só podiam sentir frio à noite, mas os verdinhos – como os chamava, por causa do uniforme – sempre estavam bem vestidos. Foi empurrada para fora de sua linha pelo transeunte mal-humorado, já tinha em mente que não devia chegar perto deles. Não eram todos que a tratavam como se fosse inimiga, mas o tempo lhe ensinara que jamais devia-se questionar os homens.

Andou mais ou menos um quilômetro para que as ruínas dos prédios surgissem entre a poeira. Os pés da menina bateram mais forte contra o chão, seu coração pulava. Estrondos altíssimos machucavam seus ouvidos, colocou as mãos sobre eles e continuou a correr. Seu pulmão doía a cada respiro, o ar era cada vez pior, sujo, pesado, visível. A sola de seus pés já era uma só junto as pedras, doíam, mesmo que já estivesse acostumada.

Memórias distantes vinham à mente enquanto corria. O lugar já tinha sido tomado de barracas brancas, cheias de gente junta, de todos os tipos; eram novos na cidade, durante semanas, veio visitá-los com a vovó, precisavam de remédio por agulha, mas acabou que só a menina pode tomá-los.

Entrou em uma das construções mais altas. Não era nada bonita quando estava inteira, e estava muito menos convidativa aos pedaços. Jamais teria entrado antes das explosões, diziam-na que não bastava ler para pegar livros, mas depois que descobrira a oportunidade, vinha toda semana, assim como ia com frequência a feira, o que procurava entre as pontas de madeira, no entanto, não era para alimentar o corpo, e sim a alma.

Esperança

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2 thoughts on “Esperança”

  1. Dani schuller disse:
    12 de outubro de 2020 às 22:08

    Amando cada vez mais seua desenhos e textos!!parabéns minha querida aluna!!

    Responder
    1. dtski disse:
      19 de outubro de 2020 às 08:23

      Muito obrigada sora! <3<3

      Responder

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